O sono da Alma
Devido ao fato de Jesus ter
ralado que Lázaro e a filha de Jairo dormiam (Mt 9.24; Jo 11.11), e também,
porque Paulo se referiu à morte como dormir (1Co 15.0,18,20,51; 1Ts 4.13-15i
5.10), alguns, sobretudo a Igreja Adventista Cristã e os adventistas-do-sétimo-dia,
desenvolveram a teoria da psicopaniquia, ou o sono da alma.
Entretanto, Jesus e Paulo
usaram a palavra "dormir" simplesmente
como figura, para mostrar que a morte não é algo a ser temido, mas uma entrada
à quietude e descanso, que Jesus também identificou com o Paraíso.
Oscar Cuflmann, reagindo às
ideias gregas da imortalidade da alma, ensinou que a morte na verdade é um
sono, mas "em proximidade a Cristo".
As almas despertarão renovadas,
como faz urna pessoa depois de uma sonho agradável. Contudo, a maioria daqueles
que ensinam o sono da alma vão ao extremo.
Dizem que a alma, ou o
espírito, não está simplesmente num estado de estupor após a morte, mas que a
pessoa inteira está morta e a alma — ou o espírito — deixa de existir até ser
recriado na ressurreição.
Há aqueles que comparam isso ao
desligar de uma lâmpada. Não há luz até que seu circuito seja conectado
novamente, quando o comutador for colocado na posição "ligado". Mas a
luz que surge não é a mesma luz. Se a "alma cessou de existir na morte e
uma nova alma foi criada na ressurreição, não há possibilidade de ser a mesma
alma, e não poderia, de forma justa, ser recompensada ou punida pelo que a
primeira alma fez".
Pelo fato de Deus não ser "Deus dos monos, mas dos vivos",
também significa que Abraão, Isaque e Jacó estavam (e estão) vivos, não havendo
cessado de existir (Mt 22.32). Por conseguinte, Moisés e Elias no monte da
Transfiguração sabiam o que estava se passando e falaram com Jesus acerca da
sua "partida [gr. êxodos, incluindo sua morte, ressurreição e ascensão],
que ele estava para cumprir em Jerusalém" (Lc 9.31, ARA). Entenderam que.
isso tinha alguma coisa a ver com eles também, Pedro usou a mesma palavra,
êxodos, para se referir à sua própria morte (2 Pé 1,15), como também o fez
Paulo (2 Tm 4.6).
Como afirmaram os santos do
Antigo Testamento, bem como em geral tem sustentado a Igreja ao longo de sua
história, a morte para o crente só pode significar a entrada na presença do
Senhor Jesus, e não em um sono.
Quando um dos malfeitores
crucificados com Jesus implorou: "Senhor, lembra-te de mim, quando
entrares no teu Reino", Jesus lhe respondeu: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso" [Lc
23-42,43] — e não "estarás dormindo", ou "deixarás de ter uma
existência".
Paulo compreendeu que,
após a morte, ele seria capaz de sentir se seria ou não um espírito despido.
Portanto, "dormir" é um termo usado a partir de um ponto de vista
atual, o qual somente pode ser aplicado ao corpo. O corpo que é levantado para
a vida, na ressurreição (Mt 27.52).
O espírito permanece conscientemente
vivo. Não somente isso, os mortos estão "em Cristo" (1Ts 4.16; Ap
14.13), não se encontram "envolvidos por Ele numa forma quietista e
improdutiva", mas compartilham, "de acordo com o seu próprio estádio,
em seu estado glorificado", com a "certeza de que, no devido tempo,
serão transformados".
Outros supõem que após a morte
a pessoa não deixa de ter uma existência, mas fica em um estado de estupor. É
obvio que nem Lázaro, nem Abraão, nem o homem rico estavam inconscientes ou em
um estado de entorpecimento.
Tinham consciência do que se
passava ao redor, e Lázaro estava sendo "consolado" (Lc 16.25) O
Apocalipse também chama a nossa atenção para a vida consciente e as bênçãos
desfrutadas por aqueles que estão no céu (Ap 5.9; 6.10,11; 7.9,10).
Stanley M. Horton